Quando eu era adolescente.... lembro do excesso de organização do meu quarto, era tudo limpinho várias vezes no dia, guarda roupa impecável, combinações de cores, tamanhos, sapatos super conservados, roupas bonitas e coloridas... enfim, uma vitrine particular.
Depois que fui para faculdade, meu tempo apertou, pilhas de textos para ler todos os dias... capítulos e mais trabalhos para resumir, teóricos pra decorar e provas subjetivas de educação e descrever, com todos os conceitos aprendidos.... e o quarto? Bem, foi ficando apertado no meio dos jeans dobradinhos, bijouterias pouco usadas, caixinhas decoradas cheias de trecos... mas eu não me achava mais.... o fim de semana salvava a organização se... e somente se, não fosse período de seminários e provas bimestrais... eu apenas olhava para as pastas, os fichários, cadernos, livros e meu estojo organizadinho.
Quando casei, terminei o curso de pedagogia e a busca desenfreada por emprego deixou meu tempo ainda mais curto... cursos, especializações, concursos, enfim, a casa ficava arrumada no domingo... se sobrasse tempo. E o guarda roupa, agora era bem menor, dividido com o marido e as roupas de cama, toalhas e itens do lar.
E quando viramos mães?
Sozinha fica bem pesado, precisamos nos desprender totalmente do perfeccionismo, aceitar os objetos dos outros, arrumar, organizar tudo bem, mas brigar por essa organização já não vale tanto a pena... aprendemos que o filho, o marido, os parentes e amigos são muito importantes para nossa complexidade maternal.... e a casa, fica terceirizada... o guarda roupa tolerante, aceita tudo... roupinhas, presentinhos, bibelôs, fraldas, e compartilhamos nosso espaço até que entendemos o quanto precisamos de mais espaço. E mais um quarto, mais um armário, um parque próximo de casa, um lazer para família....
A família nasce na mãe.... e a mãe nasce com a gravidez....